Por Ana
Carolina Prado - 8 de setembro de 2011
Não bastasse a da Terra, agora é a
poluição espacial que está provocando dor de cabeça nos cientistas. Um grupo de
especialistas da Academia Nacional de
Ciências dos Estados Unidos alertou na semana passada que o
número de detritos orbitando o nosso planeta atingiu um ponto crítico e pode
ameaçar a segurança de engenheiros espaciais e astronautas.
O lixo espacial é
composto por restos de naves, satélites desativados, lascas de tinta e até
ferramentas perdidas por astronautas em suas explorações espaciais. Os objetos
têm tamanho variado. Em 2008, a Nasa havia contabilizado aproximadamente 17 mil
destroços acima de 10 centímetros, 200 mil entre 1 e 10 centímetros e dezenas
de milhões de partículas menores que 1 centímetro. A situação fica mais crítica
considerando que o número elevado de fragmentos aumenta as chances de eles
entrarem em colisão e criarem novos resíduos.
Como esses objetos giram em órbita na
Terra a uma
velocidades de até 28 mil quilômetros por hora, a colisão teria força
suficiente para danificar um satélite ou até uma nave. Isso aconteceu em junho
deste ano, quando os tripulantes da Estação Espacial Internacional (ISS)
tiveram que buscar refúgio em uma nave de emergência por causa de um dejeto espacial
que passou a apenas 250 metros do módulo.
30% do lixo espacial pode ser
atribuído aos Estados Unidos. A China foi
considerada uma das culpadas pelo aumento do número de detritos quando, há
quatro anos, testou mísseis que pulverizaram um satélite em 150 mil fragmentos.
Os cientistas da Academia Espacial
cobraram medidas da Nasa, mas reconhecem que não é fácil resolver o problema –
ainda mais agora que houve cortes orçamentários e a Nasa teve que diminuir suas
despesas. Além disso, os EUA não podem limpar a sujeira de outros países porque
existe um princípio jurídico internacional que diz que nenhuma nação pode
colher os objetos de outras no espaço.
De qualquer forma, não existe uma
tecnologia específica para limpar o espaço. Existem apenas recomendações e
algumas ideias (redes gigantes, um lixeiro espacial robótico), que raramente
são colocadas em prática por serem caras demais.
É importante notar que nem tudo o
que está circulando pelo espaço permanece em órbita: os detritos vão perdendo
altitude aos poucos e acabam caindo na Terra. Mas não precisa ter medo de ser
atingido na cabeça por algum deles: a chance é muito pequena de isso acontecer. Na maioria das
vezes, o lixo acaba queimando antes e, quando consegue atravessar a atmosfera,
ainda enfrenta a probabilidade de cair no mar, já que os oceanos ocupam 75% da
superfície terrestre.